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NOME:
O termo Asuriní tem sua origem na língua Juruna e, desde o século passado, vem sendo utilizado para designar diferentes grupos Tupi da região entre os rios Xingu e Tocantins. Este termo começou a ser empregado para denominar este povo em particular na década de 50, pelos funcionários do SPI durante os trabalhos de pacificação.
Os Asuriní do Tocantins são conhecidos também por Asuriní do Trocará (nome da área indígena), e por Akuáwa-Asuriní. Esta última denominação foi empregada pelo etnólogo Roque Laraia na década de 60 em razão deste pesquisador considerar o termo Akuáwa como a autodenominação do grupo.
Já há vários anos, porém, este povo assumiu o termo Asuriní como sua autodenominação. Por outro lado, como verificou a antropóloga Lúcia Andrade, na década de 80, Akuáwa passou a ter uma conotação pejorativa, sendo utilizado para designar "índios do mato", "índios bravos", isto é, sem muito tempo de contato.
LÍNGUA:
Os Asuriní são falantes de uma língua da família Tupi-Guarani, estudada pelos lingüistas Carl Harrison, Robin Selly e, mais recentemente, por Velda Nicholson, Catherine Aberdour a Annette Tomkins, todos do Summer Institute of Linguistics (SIL, chamada no Brasil por Sociedade Internacional de Lingüística).
Segundo Harrison (1980), existem várias diferenças dialetais entre a língua Asuriní falada pelo grupo do Trocará e pelo grupo do Pacajá. Na sua opinião, tais diferenças sugerem que os contatos entre os dois grupos, então residentes em uma única aldeia, eram anteriormente intermitentes.
Em 1962, os membros do grupo do Pacajá eram essencialmente monolíngües, enquanto os Asuriní residentes no PI Trocará já falavam português, aprendido com os funcionários do posto e suas famílias, e com os vizinhos do rio Tocantins que os visitavam esporadicamente. Já em 1973, todas as crianças a jovens Asuriní residentes no PI Trocará só falavam a língua portuguesa, enquanto que todos os membros do grupo do Pacajá falavam a língua indígena. Atualmente praticamente todos os Asuriní falam com fluência o português, sendo que os jovens e as crianças comunicam-se quase que exclusivamente nesta língua.
LOCALIZAÇÃO:
Os relatos do Asuriní apontam o Rio Xingu, como sua região de origem, aonde teriam vivido com os Parakanã, constituindo no passado um único povo. Estima-se que, nas primeiras décadas deste século, os Asuriní abandonaram a região do Xingu, motivados por uma série de cisões internas e conflitos com outros povos indígenas. Assim, foram deslocando-se para leste, ocupando as cabeceiras do Rio Pacajá e, posteriormente, para as proximidades do Rio Trocará, aonde encontram-se até os dias de hoje.
Atualmente vivem na Terra Indígena Trocará, a 24 quilômetros ao norte da sede do Município de Tucuruí (PA), no qual está situada. Esta Terra Indígena, com 21.722 hectares, teve sua demarcação administrativa homologada pelo Decreto n.º 87.845, de 22 de novembro de 1982, estando registrada no cartório de imóveis de Tucuruí e no Serviço de Patrimônio da União.
A TI Trocará é atravessada em toda a sua largura pela BR-153 que divide a área em duas partes. A aldeia e o posto da Funai ficam a leste da estrada, na porção banhada pelo Rio Tocantins. A parte situada a oeste é um retângulo de matas que constituem uma das últimas florestas virgens de certa proporção na região.
A TI Trocará está encravada na região do Projeto Grande Carajás, que abrange o Estado do Maranhão e partes do Pará e Tocantins. Este imenso programa de exploração mínero-metalúrgica, que vem acompanhado de uma série de obras de infra-estrutura (como a hidrelétrica de Tucuruí e a ferrovia que liga a Serra dos Carajás à São Luís), vem provocando mudanças radicais em toda a estrutura sócio-econômica da região habitada pelos Asuriní.
A Hidrelétrica de Tucuruí, localizada a cerca de 30 quilômetros rio acima da AI Trocará, transformou por completo o município. Sua implantação, entre os anos de 1975 e 1984, implicou a vinda de milhares de pessoas para a região. Assim, entre 1970 e 1980, o crescimento anual da cidade de Tucuruí foi 22,7%, enquanto Belém, no mesmo período, apresentava uma taxa de crescimento anual de 3,3%.
O território Asuriní não foi inundado pelo reservatório da UHE Tucuruí. Localizados à jusante da barragem, os Asuriní sofreram o que se convencionou denominar "efeitos indiretos", ou seja, as conseqüências das profundas transformações na estrutura sócio-econômica da região e dos desequilíbrios ecológicos resultantes da instalação da obra.
Dentre tais transformações está a instalação de uma série de fazendas na região. A AI Trocará encontra-se totalmente cercada por fazendas de gado, constituindo-se numa das poucas áreas de mata que ainda restam no município.
O desmatamento ao redor da reserva indígena trouxe conseqüências para a fauna do território Asuriní. Assim, os índios se queixam de que muitas espécies já não podem mais ser encontradas e que está cada vez mais difícil conseguir caça. Por outro lado, a mata da AI Trocará atrai vários caçadores que invadem constantemente o território indígena.
Outro efeito indireto da hidroelétrica e da ocupação acelerada da região foi um grande aumento na incidência de malária entre os Asuriní, que, em 1985, era o principal problema de saúde do grupo.
CAÇA, PESCA E COLETA:
0 alimento que os Asuriní mais apreciam e consideram mais nutritivo é a carne de caça. Eles caçam mamíferos como anta, veado, caititu e também cotia, macaco, paca, tatu e aves como nambu, tucano e mutum. A caça é uma atividade preferencialmente masculina, mas algumas mulheres também caçam.
Atualmente, os Asuriní caçam com espingardas e durante a noite, pois dizem que de dia já não encontram mais animais. Eles têm muita dificuldade em adquirir as espingardas, a munição e as pilhas necessárias para a lanterna e, com isso, tornam-se dependentes da Funai que, esporadicamente, os presenteia de modo insuficiente com tais artigos. Em muitas ocasiões, os índios não têm carne para comer.
A pesca, que poderia equilibrar a alimentação, também parece estar sendo afetada pelas mudanças ecológicas por que passa toda região. Mesmo assim, sua importância como fonte alimentar para o grupo é hoje muito maior do que no período anterior ao contato. Ela é praticada por homens adultos e, também, por mulheres e crianças, embora com menor freqüência. Pescam com anzóis, malhadeiras e tarrafas no rio Trocará, nos lagos próximos ao rio Tocantins, mas raramente neste rio.
Durante os meses de julho e agosto, até as águas baixarem completamente, a pesca nos lagos próximos à aldeia é bastante difícil e só vai melhorar em fins de setembro. Neste período, a pesca só é compensadora nos rios mais distantes da aldeia, o que envolve o deslocamento de toda a família nuclear ou extensa, que passa vários dias acampada em algum ponto distante da Terra Indígena, onde também é possível encontrar caça com mais facilidade. É nessas ocasiões, segundo os Asuriní, que comem bem e engordam.
Nos meses de janeiro a abril (época das chuvas), os Asuriní coletam produtos como açaí, bacuri e castanha-do-pará. Esta é uma atividade masculina, sendo que algumas vezes as mulheres auxiliam. Tais produtos destinam-se ao consumo próprio a à venda em Tucuruí; somente a castanha-do-pará, cuja produção é muito incipiente, não é vendida.
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Veja também sobre os índios Parakanã, acesse o link:
http://www.ocantodobemtevi.blogspot.com.br/2015/03/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html
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Referências:
Disponível no site do Instituto Socio Ambiental:
http://socioambiental.org/pib/portugues/quonqua/cadapovo.shtm