Sistemas lacustres da Amazônia

  MEIO AMBIENTE


No Brasil ocorre lagos de predominância numérica de sistemas fluviais. Um exemplo é a bacia hidrográfica do rio Amazonas como a maior do mundo. Segundo Esteves (1998) a atividade geológica da enorme rede hidrográfica é responsável também, pela formação da maioria dos lagos brasileiro, porém eles são considerados pequenos e de poucas profundidades, talvez somente as represas possuam profundidades significativas.
O Brasil não é um país de grandes áreas lacustres, mas uma grande parte delas está na região amazônica e podem ser divididas em 3 grupos bem diferenciados:

 1)    Lagos Amazônicos:
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Vista aérea da formação de lagos na região amazônica.
Para conhecer os lagos dessa região é preciso entender que os rios da Amazônia têm certas qualidades físicas e químicas que os diferenciam e com isso podem ser classificados em rios de água clara, branca e preta.
Os rios de água branca têm as cabeceiras situadas em regiões mais ou menos montanhosas nas quais a erosão carrega a água com sedimentos que são os produtos da decomposição da crosta terrestre. As formações de várzeas extensas, anualmente alagadas, com diques marginais naturais acompanhando o leito do rio e com lagoas rasas (lagoas de várzea), braços do rio (paranás) etc...
As cabeceiras dos rios de águas claras se encontram em regiões de relevo mais plano, como nos maciços do Brasil Central e das Güianas, e nas áreas sedimentares da Amazônia Central, cobertos por densa floresta, protetora contra erosão.
Os rios de água preta vêm, de regiões ainda mais planas, o Rio Negro, por exemplo, é de uma planície muito antiga. A cor dessa água é devido a decomposição da matéria vegetal morta da vegetação no alto rio Negro e da vizinhança de Manaus.
        Esses tipos de rios da Amazônia irão compor os lagos que poderão ser de terra firme ou de várzeas. 

Vista aérea do Lago Mamirauá em uma área de várzea no Amazonas.
 A várzea em si já é um sistema complexo de lagos e planícies inundáveis, remansos, canais, diques, ilhas que se estendem sobre o vale do Rio Amazonas e tributários de água branca, formados durante a época glacial nos últimos 15 mil anos. A extensão dessas áreas alagadas depende diretamente do pulso de inundação, chegando a ocupar um total de 300.000 km², resultando em períodos bem definidos de cheias e secas, representando o maior sistema hidrológico do planeta. 
No grande período de inundação da várzea formam-se bancos de macrófitas aquáticas que são extremamente importantes para os peixes, pois fornecem abrigo, proteção, alimento e locais de reprodução ao longo do ciclo hidrológico.
Os lagos de várzea são também os corpos d’água com a maior produção de fitoplâncton, pois neles combina-se a “decantação” a água branca, a qual permitem uma maior penetração da luz, com o quimismo mais rico destas águas em comparação com o das águas claras e pretas.
Existe também o lagos de “terra firme”, esses lagos são alongados e muito dendríticos. Foram formados principalmente a partir dos rios de “água branca”, capazes de transportar grande quantidade de aluviões. Podem ter até centenas de quilômetros de comprimento e chegam a 7 km de largura. Exemplos de lagos de terra firme são: lagos Badajós, Anamã, Nhamundá, Manacapuru, Rio Preto da Eva, Jucuruí, Jari e Juçava.

2)    Lagos do Pantanal Matogrossense:
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Lagos de "salinas" no Pantanal Matogrossense.
 Uma depressão gigantesca formou-se na região central da América do Sul há cerca de 2,5 milhões de anos. Durante sua formação, ela foi sendo preenchida por sedimentos arenosos trazidos por rios. Esse processo levou ao surgimento da maior planície inundável da Terra: o Pantanal Matogrossense. São mais de 200 mil km² a maior parte em território brasileiro. Nesta área possuem lagos de água doce(“baías) que periodicamente (durante as cheias) se conectam com os rios, e lagos de água salobra(“salinas”) que se encontram geralmente fora do alcance das cheias e permanecem, portanto isolados (ESTEVES, 1998).
Muitos lagos, conhecidos na região como "baías", contêm água doce e plantas aquáticas. Nesses, o pH (índice da atividade de íons hidrogênio, que mostra a acidez ou a alcalinidade) é variável. Outros, sem vegetação aquática, exibem praias de areia e águas - salobras a salinas - de cores variadas. Estes, chamados de "salinas", têm água alcalina (o pH pode ultrapassar 10) e mostram intensa atividade fitoplanctônica, em especial na estação seca, quando a evaporação faz aumentar a salinidade e o ambiente fica tão agressivo que sobrevivem apenas organismos mais resistentes, entre os quais se destacam as cianobactérias.

 3)    Lagos de Represas e Açudes:
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Lago de Tucuruí no rio Tocantins.
 Esses lagos são formados principalmente por lagos artificiais, na região amazônica o principal lago artificial e o lago de Tucuruí, esse imenso lago de 73 m de profundidade foi formado ao se barrar o rio Tocantins no Estado do Pará para construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior do Brasil. Ao ser formado este lago ocupa cerca 2875 km² e com isso criou-se um novo ecossistema na região: um imenso lago artificial, composto de 1.700 ilhas.
Hoje são necessários 35 dias para que toda a água do lago da Usina Hidrelétrica Tucuruí – um total de 45,8 bilhões de m³ – seja renovada. Assim, houve condições propícias e ideais para a proliferação de muitas espécies, entre as quais se destacam os pirarucus, traíras, manjubas, maparás, filhotes, douradas, surubins, arraias e até poraquês – o peixe elétrico da Amazônia. No entanto, o Tucunaré, um dos peixes esportivos mais cobiçados de todo mundo, encontrou excelente ambiente para se reproduzir em toda a extensa área do Lago.
 Referências:
- ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Ed. Interciência. 1ª ed. Rio de Janeiro:1998.
.________ Lago de Tucuruí. Disponível em:.http://cidadedetucurui.com/inicio/O_LAGO/OLAGO.htm. Acesso em 20 fev. de 2015.
.________ Ecossistemas Aquáticos Amazônicos. Disponível em:http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAZnsAH/ecossistemas-aquaticos-amazonicos>; Acesso em 20 fev. de 2015.

.________ "Salinas" e "Baías" do Pantanal. Ciência Hoje (Geociências ), 2011. Disponível em: <http://www.bv.fapesp.br/namidia/noticia/42909/salinas-baias-pantanal/>Acesso em 20 fev 2015.

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