O uso da vermicompostagem na agricultura



  Campo Ecológico 

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Vermicompostagem
Uma pratica excelente de correção e manejo adequado ao solo, principalmente em pequenas propriedades, é o uso de compostagem, entre elas destaca-se a vermicompostagem, que é o composto produzido na forma de coprólitos de minhocas, ou húmus de minhoca.
Embora a compostagem seja uma prática antiga, a vermicompostagem foi desenvolvida mais recentemente e tem despertado muito interesse por ser uma tecnologia de baixo custo e facilmente adaptável à pequena produção.(AQUINO, et al., 1997).
No meio urbano tem se visto uma crescente demanda desta prática, e Cuba segue essa tendência, pois são produzidos milhões de toneladas de húmus de minhocas em todo país por ano.
Existem dois grupos de minhocas que podem ser utilizadas com esta finalidade, as espécies Eisenia foetida e Eudrilus eugeniae, conhecidas, respectivamente, como minhoca-vermelha-da-califórnia e minhoca-de-esterco ou minhoca-noturna-africana, são amplamente utilizadas na vermicompostagem, porque além de alimentarem-se de resíduos orgânicos semicrus, têm alta capacidade para proliferarem e apresentam crescimento muito rápido (NEUHAUSER et al., 1979, 1980;)
É mais comum a utilização da minhoca californiana (Eisenia foetida), assim chamada porque foram os agricultores deste estado norte-americano que começaram a criá-la comercialmente. A sua vantagem em relação à minhoca-noturna-africana é por adaptar-se melhor ao cativeiro.
Outra coisa importante sobre as minhocas é que elas são hermafroditas, o que significa que cada indivíduo apresenta órgão reprodutor masculino e feminino. No entanto, necessitam de dois indivíduos para que ocorra a reprodução.
A qualidade nutricional do resíduo orgânico também é importante, influenciando a taxa de alimentação das minhocas. O substrato adequado para as minhocas possibilita que possam ingerir ¼ do seu próprio peso diariamente (HARTENSTEIN, 1981).
O esterco bovino representa boa fonte de alimentos para as minhocas, e para elaborar um resíduo de qualidade e de baixo custo o ideal é misturar o esterco bovino com outros materiais, como por exemplo, o bagaço de cana-de-açúcar, estudos mostram que o bagaço promove maior número de minhocas jovens e sobrevivência das adultas do que em esterco bovino puro (AQUINO et al., 1994).

Como se faz o canteiro?
 Para produzir a vermicompostagem para ser utilizado pelo próprio agricultor, deve se partir do material mais simples possível. No máximo algumas tábuas velhas que servem para escorar o material, evitando que este se espalhe muito.
Considerando-se que as minhocas utilizadas se deslocam preferencialmente
na horizontal, os canteiros devem ter no máximo 40 cm de altura. O comprimento pode variar em função da disponibilidade do material e a largura deve ter no máximo de 1 m, para facilitar o manejo do canteiro. Os canteiros devem ter drenagem, ou seja, escoamento de água suficiente para que a mesma não se acumule no fundo.
Por último coloca-se palha seca, espera alguns dias para aquecer e começar a esfriar e, então, se espalham as minhocas. A cobertura de palha é importante porque a minhoca não gosta de luz, e precisa ser protegida da incidência direta do sol.
Além do uso de palha, pode ser usado também telhas de amianto, plástico, sapé, folha de bananeira ou outros materiais disponíveis, e tem por fim evitar o excesso de água da chuva, que acarreta na lixiviação de alguns nutrientes do substrato.

 
Preparo do canteiro.

Como se usa a vermicompostagem e quais as suas principais características?
 O "húmus" é facilmente reconhecido pelo seu bom aspecto e odor: É como "terra de mato". Para o uso cotidiano do agricultor não é necessário secar ou peneirar. O material pode ser levado ao campo ainda que não esteja completamente digerido pelas minhocas. O agricultor não deve se preocupar se algumas minhocas forem levadas juntamente com o material.
O húmus representa excelente condicionador do solo, favorecendo especialmente a melhoria das propriedades físicas do solo (agregação das partículas do solo, infiltração de água, etc.).
Entretanto, o processo de vermicompostagem altera quantitativamente e qualitativamente a composição das substâncias húmicas dos materiais orgânicos, favorecendo a formação da matéria orgânica estabilizada, tornando a mineralização mais lenta e a liberação de nutrientes mais gradual (ALMEIDA,1991), não atendendo à expectativa de quem busca a aplicação do vermicomposto apenas para o rápido fornecimento de nutrientes.
Por sua vez, devido ao elevado conteúdo de hormônios de crescimento vegetal, enzimas e microrganismos, aumenta a produção e o vigor das plantas, principalmente de hortaliças (TOMATTI et. Al., 1987).
  Referências:
ALMEIDA, D. L. de. Contribuição da matéria orgânica na fertilidade do solo.1991. 188p. Tese (Doutorado)– Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Itaguaí, RJ, 1991.
AQUINO, A. M. de. Agricultura urbana de Cuba: análise de alguns aspectos
técnicos. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 2002. 25 p. (Embrapa Agrobiologia.Documentos, 160).
AQUINO, A. M. de; ALMEIDA, D. L. de; FREIRE, L. R.; DE-POLLI, H. Reprodução de minhocas (Oligochaeta) em esterco bovino e bagaço de cana-de-açúcar. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 29, n. 2., p. 161-168, 1994.
AQUINO, A. M. de; DE-POLLI, H.; ASSIS, R. L. de. Globo Rural – oportunidade para levantamentos de demandas de pesquisas e difusão de tecnologias: um estudo de caso. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 31, n. 34, p. 42-53, 1997.
HARTENSTEIN, R. Use of Eisenia foetida in organic recycling based on laboratory experiments. WORKSHOP ON THE ROLE OF EARTHWORMS IN THE STABILIZATION OF ORGANIC RESIDUES, 1981, Michigan. Proceedings... Michigan: Beech Leaf Press,1981. v. 1. p. 155-166.

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